sábado, 30 de dezembro de 2006

"Freedom and Democracy"

Quero dizer que estou imensamente revoltada com o "marco importante" que se deu hoje "para a jovem democracia do Iraque", nas palavras do sr. Bushinho. Quando a gente pensa que eles já fizeram tudo o que podiam para mostrar ao mundo a sua prepotência e a sua burrice estratégica, eles vêm e surpreendem-nos dia após dia.

Estou a referir-me obviamente ao enforcamento do ex-líder do Iraque e ex-amigo dos EUA, Saddam Hussein, tão nosso conhecido pelas atrocidades que cometeu com os curdos e os xiitas, para além das guerras com o Irão e Kuwait, mas principalmente por personificar o "eixo do mal" de que os salvadores dos EUA tanto nos tentam livrar.

Já nem quero falar no atentado aos direitos humanos que constitui a pena de morte, porque isso já é o pão nosso de cada dia para a administração norte-americana, e o próprio Bushinho já assinou mais penas de morte do que os 148 xiitas pela morte de quem o Saddam é condenado. Para um povo que não percebe de democracia, realmente estão a aprender muito bem como é que cá se faz para libertar o povo: inventa-se um inimigo, invade-se o país para roubar o petróleo e mata-se o líder - ora aí está.

Até compreendo que o governo americano quisesse matar alguém importante para dar a ideia que afinal até nem estão a perder guerra, mas daí até pegar no Saddam para transformar um assassino político num mártir religioso, já é de quem é burro.
Ah, e a data que escolheram para o matar (que pelos vistos já estava decidida há muito), só pode ser uma provocação. No fim de semana em que os muçulmanos festejam a sua espécie de "Natal", sacrificam uma ovelha a Allah e perdoam alguns presos e condenados...Escolher esta data para a execução é no mínimo sarcástico.

E depois ainda têm a lata de dizer que se congratulam pelo julgamento justo que foi feito ao Saddam. Sim, porque com 2 advogados de defesa assassinados, e a pressa da aplicação da pena sem acabar os outros julgamentos, não há dúvida da eficaz imparcialidade da lei. Bem, e se um líder político pode ser condenado pela morte de 148 pessoas, então quantas vezes teria de ser condenado o compadre das américas para pagar apenas pelos 655 mil iraquianos que já matou na guerra?
A cereja no topo do bolo foram mesmo as imagens cruas que se transmitiram do homem antes e (principalmente) depois da execução...no comments.

Não admira que o Bush tenha sido eleito o vilão do ano, muito acima do próprio Bin Laden e Saddam...Ainda bem que vamos mudar de ano...pode ser que os eleitores do vilão acordem do seu "sonho americano".

2 comentários:

Cris disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cris disse...

Não podia estar mais de acordo. O mundo assiste impávido e sereno a estas atrocidades e custa a crer que nos dias que correm ainda seja aceitável uma pena de morte. O castigo de Saddam teria que ser o maior de todos, isso nem questiono, se é a morte ou não, a discussão é outra. Eu acho que ele iria sofrer muito mais se passasse o resto da vida a pensar no mal que fez. mas já nem vou por aí. O que está aqui em causa é a fantochada que se criou à volta disto e, claro, o papel de Bush, a sair uma vez mais como o herói desta história triste e patética. Enfim, são os líderes que temos. Qualquer dia o Bush não andará muito longe do Hittler dos tempos modernos.