quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Direito a dizer NÃO



Um título destes poderia remeter para uma dessas campanhas pelo pseudo direito à vida, que condenam o aborto. Não vou falar sobre o aborto, vou falar do direito à escolha e do direito a ter uma vida saudável.

Considero o tabaco o pior flagelo de todos os tempos...muito mais do que as heroínas e as cocaínas. Já não incluo as doenças no lote dos flagelos já que muitas delas, cardiovasculares, certos cancros e afins, estão grande parte das vezes, directamente relacionadas com o consumo de tabaco.

Mas dizia eu, o maior flagelo de todos os tempos, porque é aquele que mais me incomoda.
Um dia escolhi não fumar, mas esse direito é-me sistematicamente negado quando vou a um café tomar o pequeno almoço, quando saio para me divertir com os amigos e até na minha própria casa.

Tenho notado que, ultimamente, ando mais sensível ao fumo. Se antes estava num espaço, duas ou três horas, mamava kilos de fumo dos outros e vinha embora toda contente a cheirar mal e com os pulmões carregados, hoje em dia essa é uma ideia que nem sequer consigo conceber.

E ainda bem, já que a grande maioria dos fumadores não demonstra qualquer tipo de respeito pelos não fumadores, e olhem que são muitos, cerca de 27% dos Portugueses fuma...é uma percentagem muito significativa. Esses 27% fumam em média 18 cigarros por dia.

Pode não haver dinheiro para férias, ou para roupa, até para comer, mas para comprar 1 maço de tabaco por dia, que custa 700 paus, há sempre dinheiro. São cerca de 20 contos por mês...100 euros, a média mensal gasta por cada fumador em tabaco!!!

Deixei de frequentar discotecas e é rara a vez que vou a bares, nos restaurantes peço mesa para não fumadores. Descobri que assim poupo dinheiro na lavandaria, não preciso de mandar lavar o casaco sempre que saio à noite.
É realmente algo que me incomoda, no dia seguinte, a roupa a tresandar a tabaco receso.

A boa notícia é que nos últimos 3 anos o número de fumadores diminuiu, há mais pessoas a nunca terem experimentado e mais gente a deixar o tabaco. Foi esta a evolução ocorrida na generalidade dos países da União Europeia, incluindo Portugal. Os dados foram divulgados ontem e resultam de um inquérito realizado em 2005 no espaço comunitário.

A percentagem de fumadores na Europa caiu de forma significativa: passou de 33 por cento para 26 por cento o que não deixa de ser um indicador positivo. Em Portugal passou de 29% para 27%.

A sensibilização parece estar a dar alguns frutos, nomeadamente pela informação disponibilizada nos maços de tabaco, pela inflação de preços que estes têm conhecido e obviamente pela proibição de fumar em cada vez mais espaços.

Esta última é provavelmente a medida mais fundamental de todas. É um atentado os cafés, restaurantes, bares e discotecas continuarem a permitir o consumo de tabaco. Pelo menos que se criassem espaços para fumadores e outros exclusivos para não fumadores, e não digo zonas, digo espaços, porque o fumo não respeita letreiros. Se os que fumam não se querem preservar, há que introduzir legislação para proteger aqueles que escolheram não fumar, já que esse é um direito fundamental.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

"Assim não!"

E porque há que mostrar o bom e o mau, fica aqui um excelente sketch dos Gato Fedorento, que passou ontem no "Diz que é uma espécie de magazine". Para além de ser uma imitição brilhante do Marcelo Rebelo de Sousa, a questão do aborto e da despenalização é abordada (agora sim!) com o bom toque de ironia dos Gato. A ver!

O humor também tem limites...

Este video mostra um sketch dos Gato Fedorento, visto a semana passada no progama "Diz que é uma espécie de magazine". É sobre o enforcamento de Saddam Hussein. Mais uma vez, foram usadas as imagens captadas ilegalmente por um telemóvel e que por muitas vezes vimos passar nas notícias. Mas este sketch vai naturalmente mais longe que isso. Está comentado e legendado mas não à boa maneira sarcástica dos Gato. Sou espectadora assídua do programa e gosto muito do trabalho deles, mas há que dizer que desta vez foram um bocadinho longe de mais...


terça-feira, 23 de janeiro de 2007

O fim dos tempos?


As questões ambientais são frequentemente desvalorizadas mas são de facto de extrema importância.

O jornais avançaram hoje com a notícia de que em 2050 os glaciares dos Alpes terão desaparecido.

De acordo com os cientistas a previsão baseia-se em dados relativos aos últimos anos, já que os glaciares da província alpina austríaca do Tirol têm vindo a encolher cerca de três por cento por ano, o que significa uma diminuição anual de cerca de um metro.

Os peritos aconselham à tomada de medidas preventivas para proteger os residentes dos vales alpinos, já que estes poderão enfrentar riscos acrescidos de cheias perigosas.

Em Portugal a situação não está longe de ser preocupante. Um ano depois de divulgados os resultados da última parte do projecto SIAM, que traçou cenários sobre a evolução do clima no nosso país até 2100, não são visíveis os esforços para medidas de adaptação que contrariem as tendências para a desertificação do território.

O Sul do país, será particularmente afectado no que toca ao aumento da temperatura e à disponibilidade de água. O JN avançou ainda que, de acordo com Luís Ribeiro, especialista na área, até 2050, o Sul do país tenha entre 30 a 40% menos água superficial. Em 2100, o Algarve verá reduzido em 80% o escoamento anual médio.

De acordo com as previsões, os próximos anos serão de aumento da temperatura (que ocorre a nível global, mas se fará sentir mais numa faixa Sul da Europa) bem como de redução da pluviosidade.

O futuro adivinha-se pouco prometedor, sinal da chegada do fim dos tempos?

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Grandes PortuguesAs

Eu também vi o programa, aliás, como já referi, acho mesmo muito interessante e vou tentar não perder nenhum dos documentários...Essa intervenção foi digna de "tesourinho deprimente" do programa que antecede os Grandes Portugueses, porque de facto, foi uma intervenção muito infeliz e acho que todos se arrependeram de lhe ter dado voz..alias acho mesmo que cortaram a chamada...enfim...
Mais deprimente só a convidada que apunhalou o meu feminismo convicto. Quando questionada sobre a ausência de mulheres no top 10, esta doutorada com tres filhos respondeu que as mulheres, de facto, não são capazes de grandes feitos, porque são geneticamente diferentes e nunca conseguiriam ser capazes de fazer o mesmo que os homens...eu não posso deixar de comentar tamanha barbaridade.. não é que não concorde que as mulheres sempre tiveram um papel social secundário, mas não foi, de certeza, por questões genéticas, mas pela falta de oportunidade, de igualdade, da própria instrução!!É impossível compararmos o papel social da mulher nos séculos que antecedem a igualdade de oportunidades e mesmo actualmente sabemso o papel que ocupámos, como referiu a Maria Elisa, nos cargos de chefia, nos grandes cargos dirigentes do país, tanto no sector público como privado. Ainda é notícia uma mulher integrar certos departamentos das forças armadas, ainda é notícia a mulher que se candidata a um cargo importante, ainda é notícia a mulher que é eleita chanceler da Alemanha.
Aliás é só olharmos para a lista e vermos quem foram as mulheres escolhidas:
- Maria de Lurdes Pintassilgo - primeira (e única!) mulher que esteve à frente de um governo em Portugal
- Antónia Ferreira(Ferreirinha) - uma das primeiras mulheres no negócio do vinho do Porto
Rosa Mota - a primeira portuguesa a ganhar uma medalha olímpica
- Adelaide Cabete - Foi pioneira na reivindicação dos direitos das mulheres.

As restantes candidatas são sobretudo grandes ícones da cultura portuguesa e raínhas, aqui premiadas, não pelas suascapacidades de chefia, claro, mas pelo seu bom coração...
Tenho dito.


Encontrada solução para o problema da droga!

Está explicada a escolha de Salazar como um dos dez grandes Portugueses. Quem vivia um momento de revolta e perplexidade perante tão polémica votação, ficou no programa de hoje totalmente esclarecido. Segundo afirmou um jovem madeirense, no tempo da ditadura salazarista é que se estava bem porque, como não havia liberdade, as pessoas "não se metiam tanto na droga" e agora como recebemos o castigo da liberdade virámos todos uma cambada de toxicodepentes. Por favor, não me digam que nunca tinham pensado nisto? É tão óbviooooo...

Ironias à parte, o que foi bem explícito com o programa de hoje foi pura e simplesmente que esta votação num símbolo de opressão e repressão português foi feita com alguma leviandade. É a única explicação que encontro. Caso contrário a realidade seria que as pessoas se esqueceram que as suas acções foram de tal forma repulsivas e negativas para o nosso país, que temos um utensílio de cozinha para rapar tachos e afins que se chama salazar. E isto já nem partindo para os aspectos mais vergonhosos do percurso deste homem.

Perante opiniões como a deste jovem madeirense (que note-se, quando Maria Elisa fez referência a algumas das medidas poucas dignas de Salazar, disse que achava mal, mas pelo menos nesse tempo as pessoas não se metiam na droga), só me resta esperar que daqui em diante haja bom senso e ponderação na escolha do grande Português que, bem ou mal, será uma representação do que somos.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Grandes Portugueses

Foi com grande interesse que no passado fim-de-semana assisti ao programa Grandes Portugueses. Não que eu considere que o programa tem valor por eleger o Grande Português, porque há grandes personalidades nacionais e é tremendamente injusto para uns e outros, classificá-los.

No entanto, é inegável que nos 20 ou 30 segundos dedicados ao resumo, ainda que muito incompleto, do percurso de cada personalidade, cada Português ficou um pouquinho mais rico. Mais rico porque a nossa história se fez não de UM grande Português, mas de vários.

Em relação ao resultado da votação online, há algumas considerações que gostaria de fazer e por uma questão de organização prefiro apresentá-las por tópicos:

1 – Maria Elisa. Essa grande senhora da televisão tem realmente um imenso estatuto na televisão portuguesa. Para além de ser dar ao luxo de pura e simplesmente não comentar certas escolhas do público, saiu-se ainda a brilhante expressão “a esta hora Lisboa já deve estar a arder”, quando Pinto da Costa aparece no 17º posto da tabela classificativa.

2 – Mário Soares. É o último grande Português vivo. Convicções políticas à parte, é de louvar um senhor que, depois de anos de luta por um ideal de liberdade, aos 83 anos mantém uma actividade nacional e internacional bastante intensa.

3 – Salgueiro Maia. Foi 11º classificado, com pena minha pois merecia estar entre os 10 primeiros. Nunca teve o reconhecimento que era devido a um grande líder, e soube preservar-se do mediatismo após o 25 de Abril, mas não deixa de ser uma referência para todos nós.

4 – Amália Rodrigues. É uma das caras de Portugal e a mulher mais bem classificada da lista dos 100 maiores Portugueses.

5 – Salazar. Tantos anos de luta pela liberdade e pela democracia, para termos um ditador nos 10 primeiros...NO COMMENT

6 – Álvaro Cunhal. Por afinidade seria aquele em quem eu votaria obviamente. Sempre me assumi esquerdista, para além de ter crescido no seio de uma família que fazia reuniões secretas na cave durante os tempos da repressão. Muitas dessas reuniões foram inclusive presididas por este senhor. Acho interessante que todo o país fique a conhecer um pouquinho mais apaixonante história de vida deste homem.

7 – Por mais que me esforce não consigo perceber o que faz o D. João II nos dez primeiros…

Posto isto, e porque já comecei a escrever esta opinião há 3 dias e só agora consigo ter tempo para a terminar e publicar, e entretanto já perdi parte das ideias, assumo que não vou votar, porque tenho mais o que fazer ao meu dinheiro.

Perante a lei, pai ou criminoso?

Poderia ser mais uma notícia sobre um julgamento, mais um caso de sequestro. Mas é uma história diferente. É daquelas em que a lei dita uma pena, mas questionamo-nos se realmente foi feita justiça.

Um homem foi ontem condenado pelo tribunal de Torres Novas a 6 anos de prisão e a pagar uma indemnização de 30mil euros por se ter recusado a entregar uma criança de 4 anos, da qual era (ou tentava ser) pai adoptivo. A criança esteve a seu cargo, e da mulher, desde os 3 meses de idade.

O crime foi de "sequestro agravado". À primeira vista, parece sensato condenar alguém que comete este crime. Mas o caso aqui está longe de ser esse. Antes de avançar, convém então olhar um pouco mais atrás na história.
O bebé, hoje quase com 5 anos, nasceu de uma relação ocasional entre os pais biológicos. Na altura, o pai biológico recusou assumir responsabilidades, dizendo que desconfiava que o filho não era dele. A mãe biológica, imigrante e sem ter ninguém a quem recorrer, entregou o bebé a um casal, juntamente com uma declaração de consentimento para adopção plena. Este documento dava conta de dois factores: que o fazia por "insuficiência financeira" e que o pai era "incógnito".

Foi nestes termos que Luís Gomes e a mulher acolheram a bebé e deram início ao processo de adopção. Vieram entretanto a saber que o pai afinal não era incógnito e que reclamava agora os seus direitos paternais. O tribunal concedeu-os, mas os pais adoptivos não aceitaram entregar a criança. E, perante a lei, este casal passou de potenciais pais adoptivos a alegados raptores. A mãe e a criança estão até hoje em parte incerta. O pai aguardou na prisão.

O caso foi ontem encerrado com a condenação de Luís Gomes, sargento de profissão. A mãe continua desaparecida e será julgada assim que seja conhecido o seu paradeiro. A menina, quando encontrada, será entregue ao pai biológico, um pai que nunca conheceu.

Agora pergunto, será que a lei tem em consideração os afectos, a relação desta criança com estas pessoas que, no verdadeiro sentido da palavra, são pais dela? Foram estas as pessoas que lhe deram um lar, cuidados e o amor de uma família. Mas a lei preferiu entregar criança a um pai que ela não conhece, nunca viu e que a recusou. Será justo atribuir tanta importância à questão biológica, nestes casos? Faz algum sentido ser esse o factor decisivo?

Não defendo necessariamente a atitude dos pais adoptivos, que foram contra a lei. Mas entendo que, no fundo, tiveram que o fazer. O púnivel aqui devia ser esta lei funcionar assim, mais do que alguém a corromper. Uma lei destas, que destrói famílias e que nem sequer considera o bem-estar das crianças, é, à falta de melhor palavra, cruel. Realmente não se compreende como um juíz fica de consciência tranquila ao pôr um homem atrás das grades por 6 anos, quando a motivação de tudo isto está no amor que ele tem pela menina.
Como se isto não bastasse, veio-se a saber que esta acusação pode ser ilegítima e que pode não haver fundamento para o processo de "sequestro agravado". Em suma, não posso deixar de acusar a lei de, por vezes, ser fria e calculista e nem sempre ver com clareza. A fotografia que vi de Luís Gomes no jornal de hoje, algemado e com dois polícias a seu lado, não pareceu mentir. Era o rosto de um pai que acabara de perder um filho.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Feliz Aniversário PC!!! :)

Que ilustres são os portugueses...!

Ainda bem que não fui a única a achar completamente estranho e despropositado (isto para não dizer outra coisa) ver o nome Hélio Pestana na lista dos "100 Grandes Portugueses", uma votação pública promovida pela RTP1 destinada a eleger o português mais ilustre.
"Quem é Hélio Pestana?", começa assim um artigo do JN de hoje, cujo título é "O mistério da escolha da ex-ministra e de Hélio Pestana". E eu pergunto novamente. "Quem é o Hélio Pestana???" Bem, claro que o reconheci da série de televisão Morangos com Açúcar, mas realmente custar a acreditar que alguém (e terá sido um considerável número de pessoas), tenha votado nele.

No fundo, este programa pouco ou nada interessa. Mas não deixa de reflectir, de alguma forma, o que se passa na cabecinha pensante dos portugueses e que referências eles têm. Enfim, um actor novato, que até pouco impacto teve na série, não era sequer protagonista, acabou por influênciar a vida de muita gente. Nada de errado nisso. Mas fará algum sentido, em algum tempo ou lugar, tê-lo numa lista que fala de nomes como Amália Rodrigues, António Lobo Antunes ou António Damásio?

Voltando a Hélio Pestana (relembro os mais distraídos, o actor de Morangos com Açúcar), quando questionado sobre esta votação, também ele reagiu com surpresa e encontrou no seu clube de fãs a justificação possível. Sim, faz algum sentido. Mas partindo desse princípio, só me admira não vermos mais nomes sonantes da tão conhecida série, nesta tão ilustre lista!

O que também não deixa de ser surpreendente foi ver a ex-ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, na lista. Quem é que se foi lembrar desta personalidade, que ainda para mais esteve no governo apenas 4 meses? (no governo de Santana Lopes) A própria refere ser "desproporcional" estar lado a lado com grandes nomes do nosso país.

Mais um exemplo de que este programa, no fundo, não tem razão de ser e que dar ao povo a liberdade de escolher livremente... às vezes dá nisto! Em disparate! Porque convenhamos, dificilmente este dois casos constituem um exemplo a seguir ou um ícone nacional.

Enfim, não faço qualquer intenção de participar com o meu voto mas confesso que aguardo com alguma curiosidade o resultado último desta votação. Quem será o feliz contemplado???

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Direito à vida ou direito à opção?

Daqui a precisamente um mês vota-se no referendo que vai ou não alterar o contexto do aborto na lei portuguesa. Em concreto a questão dirá «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?». A pergunta é exactamente igual à do referendo realizado em 1998. Terá agora resposta diferente?

Campanhas e movimentos pelo sim e pelo não multiplicam-se e, no fundo, isto não é mais do que uma batalha ideológica entre quem está a favor e quem está contra esta liberdade de escolha. Os contornos da lei são poucas vezes referidos e também pouco se fala das condições em que o aborto se virá a realizar, que despesas estão previstas, de que forma se vão alterar as estatísticas... No fundo, a questão aqui é e será apenas uma, a moral. Teremos nós este direito de optar?

Eu assumo frontalmente que vou votar no sim. Depois de muito ponderar, penso que há questões práticas que, de alguma forma, superam as morais. O que mais me leva a votar no sim é saber que, mesmo sendo ilegal, o aborto existe, faz-se em más condições e a peso de ouro. Ou seja, ainda há quem consiga fazer negócio do desespero de muitas mulheres, que não viram outra solução. De facto, quem quiser abortar, consegue fazê-lo. Toda a gente ouve falar de clínicas que pedem 500 ou 600 euros para fazer abortos, ou até de pessoas que vão a Espanha fazê-los. Eles acontecem. Não vale a pena ignorar essa realidade. E vamos fechar os olhos a isso? Permitir que pessoas enriqueçam à custa disso e que mulheres corram riscos e sofram traumas ainda maiores?

Para além da questão prática, levanta-se a questão da liberdade de escolha. Eu até posso não concordar com o aborto e não fazê-lo em circunstância alguma, mas quem sou eu para escolher pelos outros? Eu, que não conheço a realidade deles, como vivem, em que condições. Pode a lei decidir o que é melhor para a vida daquela(s) pessoa(s)?

Os argumentos são muitos e a minha opinião está formada, mas não deixo de pensar se ficarei tranquila com esta minha decisão. Receio que as pessoas não ponham a mão na consciência e que o aborto se banalize, caso seja despenalizado. Que haja mentes desequilibradas que possam ir ao ponto de pensar no aborto como uma segurança. O mesmo aconteceu em relação à pílula do dia seguinte. Surgiu com o objectivo de salvar casos de risco de gravidez e desde logo a sua finalidade foi distorcida. Todos sabemos que a pílula do dia seguinte é muitas vezes usada erradamente como método anticonceptivo. É simplesmente muito fácil, se for preciso, tomar um comprimido - por muito que ele tenha efeitos secundários - e acabar com um problema. O meu receio está aí. Na facilidade. As pessoas tendem a abusar da facilidade. E temo que, neste contexto, o aborto seja uma via fácil e não necessariamente um último recurso.

Dito isto, não há como esconder que o tema é delicado e que é impossível, a meu ver, estar absolutamente certa sobre esta decisão. Mesmo perante todas as razões lógicas que houver para dar, no fim é de uma vida, de um bebé, de um inocente que estamos a falar. E esse nada tem a dizer quanto a isto. Esse não tem direito de escolha.

Vamos ver como o país reage a este referendo. Em 1998, o não teve uma vitória clara. Terá Portugal mudado tanto assim? O que é facto é que o sim está na boca de muitos jovens, jovens esses que não tinham idade para votar em 1998. Farão a diferença?


PS - A título de curiosidade, sabiam que o realizar do referendo vai custar cerca de dez milhões de euros ao Estado?

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Número um



Ao contrário do que tem acontecido no futebol, em que temos sido os primeiros dos últimos, do género segundo ou quarto, nos grandes campeonatos em que participamos, no atletismo Portugal tem-se saído bastante melhor, como aliás não é novidade. Não fosse esta a modalidade em que os Portugueses são melhores...desde sempre!
Desta feita, Portugal tem mais um motivo de orgulho. Francis Obikwelu foi eleito Atleta Europeu do Ano de 2006, anunciou hoje a Associação Europeia de Atletismo.

O atleta de origem nigeriana, em Portugal há mais de 10 anos, conquistou o feito após um ano em que ganhou 16 corridas de 100 metros e seis de 200 e se sagrou campeão europeu em ambas as distâncias.

Um prémio merecido para um atleta de grande talento, que demonstrou que os grandes campeões também podem ser humildes.

Francis, cuja simpatia é conhecida do público, e com a qual nos tem cativado, tem este ano novo desafio nos Campeonatos do Mundo de Atletismo que terão lugar em Osaka, no próximo mês de Agosto.

Onde é que isto vai parar?

Antes de mais, desculpem a morbidez do tema. Mas acho que isto deixa qualquer um perplexo. As notícias dão-nos conta de 9 pessoas que morreram ao tentar imitar o enforcamento de Saddam, entre as quais 7 crianças, um jovem e um adulto. Incrível. Absurdo. Surreal. Como se explica isto? Custa entender e conceber tal ideia.

No caso das crianças, todos sabemos o quão influenciáveis elas são. Todos nós já ouvimos falar de crianças que se atiram dos prédios julgando ser o super-homem ou outro qualquer super herói com capacidades sobre-humanas. Mas este caso choca-me de uma forma diferente. O que se passará pela cabeça daquelas crianças? Imitam um herói ou um vilão? Será que tinham algum tipo de consciência ou noção do que aconteceu? Estas crianças tinham idades compreendidas entre os 9 e os 12 anos. A maioria imitou o enforcamento entre amigos, ou entre irmãos. Brincadeiras que acabaram assim. Quem se condena agora?

Hoje assistimos a tanta violência gratuita que se torna banal ver um homem quase a ser enforcado em plena televisão nacional. As consequências não tardaram a chegar. Eu nem quis acreditar que tais imagem iam passar, mesmo que com má qualidade ou a não revelar tudo. Errado. Condendenável. E repito. Surreal.

Quanto aos casos do jovem e do adulto, é de ficar, uma vez mais, pasmado que nem um burro perante um palácio. Uma jovem de 15 anos enforcou-se "para sentir a mesma dor que Saddam". O adulto de 35 anos, uma cidadã da Argélia, disse ter ficado traumatizada com as imagens e decidiu lançar-se de um terceiro andar para acabar com o seu desgosto. Pergunto eu, como é que isto é possível?

Entre os 9 mortos, 3 eram da Argélia, 3 do Iamén e 1 do Paquistão. O que mais esta tirania fará ao povo que ali vive e que desde sempre contactou com esta realidade de conflito, de fanatismo?

Para mim, não há lógica que explique isto. Eu sei que a frase "o mundo está perdido" é recorrente. E todos sabemos que a violência assume muitas formas e o que o Ocidente também assiste diariamente a muitos delas. Mas acho que o mundo deles está bem mais perdido. À beira de não ter qualquer salvação.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Remodelação da Invicta TV



Há novidades para as meninas que foram ao casting da Invicta TV. O que sei, li no take da Lusa, que transcrevo parcialmente a seguir. A partir daí tentem informar-se melhor. Estou certa que, se tudo correr bem, vão precisar de mais pessoas. Quem sabe se não haverá aí boas surpresas? :)

«Porto, 03 Jan (Lusa) - A operadora de televisão e Internet por cabo TvTel anunciou hoje que adquiriu os conteúdos e a marca Invicta TV - Televisão do Grande Porto à empresa Finanzza Investments, suspendendo temporariamente as emissões do canal. "Esta suspensão será aproveitada para se proceder a uma reestruturação geral do canal, assim como ao licenciamento da Invicta TV sob jurisdição portuguesa, pelo que, assim que for possível serão retomadas as emissões da Invicta TV", esclareceu Martins de Sousa.
(...)
De acordo com o responsável (...) serão mantidos os "cinco ou seis" jornalistas e operadores de câmara anteriormente contratados, que participarão na remodelação do projecto televisivo.»

O que se diz de Saddam

E porque sobre este assunto há mesmo que reflectir, deixo aqui umas citações que retirei do jornal Público, da secção "Espaço Público". Opiniões que subescrevo.

"Saddam Hussein foi julgado e enforcado pelos fantoches de Bush no governo iraquiano e Bush congratulou-se com isso e festejou efusivamente a proeza". Manuel António Pina, JN

"É dificil pensar num final mais "desculpabilizante" para um ditador como Saddan Hussein e mais incómodo para o Ocidente", José Luis Ramos Pinheiro, Correio da Manhã

"O espectáculo da morte é sempre um triste espectáculo. Primeiro por ser da morte. Depois, por se fazer dela um espectáculo"
(...)
"Não foi a justiça do Iraque que prendeu Saddam Hussein, não foi a justiça do Iraque que o vigiou e o sentou no banco dos réus. Foram todos os que se associaram, com mais ou menos armas, mais ou menos convicção, à invasão do Iraque. Foram os americanos, os ingleses, os espanhóis, os portugueses...", José Fidalgo, Público

Este último excerto é retirado da coluna regular de José Fidalgo, no Público. Vale a pena ler na íntegra.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Capítulos de uma ambição desmedida


MM, antes de mais parabéns pelo teu artigo. Este é realmente um assunto muito sério e falamos pouco dele porque ainda estamos semi-anestesiados pelas festas.

Pela importância que lhe confiro decidi fazer da minha opinião um post porque os comentários muitas vezes nem são lidos.

Quando saiu a sentença de morte do Saddam lembro-me de ter pensado "E tu Bush quando és enforcado?"

Uma reportagem arrepiante no Iraque mostrava um país no caos. Numa ambulância uma pobre gritava “tragam o Saddam de volta, ele que nos mate, porque nada é pior do que isto”. O filho desaparecera, morto nalguma sarjeta pois claro…

Sabiam que, apenas 6 horas após a morte do Saddam, tinham morrido no Iraque 73 pessoas? Em apenas 6 horas, esse texano ignorante conseguiu matar metade do número pelo qual o Saddam foi enforcado…apenas 6 horas!

E agora pergunto-me, como é que o mundo quer evoluir se andamos ao mando de 290 milhões de burros? Não quero generalizar, até porque boa parte não votou Bush. A verdade é que os inteligentes não superam os burros...e isso sim é um péssimo indicador de progresso.

E digo burros porque, para além de provocadores nojentos, não percebem que, como disse a MM e muito bem, transformaram um assassino num mártir religioso.
Atitudes como esta vão-me fazer ter menos pena deles quando voltarem a cair duas torres e morrerem centenas de inocentes…burros! Calma, não estou a justificar os doentes com o turbante na cabeça. A verdade é que, por mais atentados que eles façam, nunca vão conseguir matar mais gente que o Bush…essa glória é só dele!

E então nós somos o quê? Burros ao quadrado, pois claro. Porque nos aliamos a esse tirano com sede de poder que não tem feito mais nada nos últimos anos a não ser semear a guerra e destruir o Mundo.

Não se preocupem, estejam descansados que nós nunca seremos alvos Americanos. Sabem porquê? Obviamente porque não temos petróleo, nem riqueza, nem inteligência e coragem suficientes para condenarmos a política Americana.

Sim, já estamos fartos dos argumentos de "armas químicas", ninguém acredita neles, mas todos dizem amém com o King. E porquê este servilismo? É uma pergunta para a qual há muitos anos procuro resposta.

E não falo só das guerras que todos conhecemos, há muitas formas de destruição para além de criar conflitos.
Já se esqueceram da arrogância americana em relação a Quioto?
Os maiores porcos à face da Terra, os salvadores do Universo…são aqueles que mais rapidamente nos condenam!
E porquê??? Egoísmo, comodismo, estupidez, numa palavra: Amércica.

Por isso digo...graças a Deus não sou Americana.