
Um título destes poderia remeter para uma dessas campanhas pelo pseudo direito à vida, que condenam o aborto. Não vou falar sobre o aborto, vou falar do direito à escolha e do direito a ter uma vida saudável.
Considero o tabaco o pior flagelo de todos os tempos...muito mais do que as heroínas e as cocaínas. Já não incluo as doenças no lote dos flagelos já que muitas delas, cardiovasculares, certos cancros e afins, estão grande parte das vezes, directamente relacionadas com o consumo de tabaco.
Mas dizia eu, o maior flagelo de todos os tempos, porque é aquele que mais me incomoda.
Um dia escolhi não fumar, mas esse direito é-me sistematicamente negado quando vou a um café tomar o pequeno almoço, quando saio para me divertir com os amigos e até na minha própria casa.
Tenho notado que, ultimamente, ando mais sensível ao fumo. Se antes estava num espaço, duas ou três horas, mamava kilos de fumo dos outros e vinha embora toda contente a cheirar mal e com os pulmões carregados, hoje em dia essa é uma ideia que nem sequer consigo conceber.
E ainda bem, já que a grande maioria dos fumadores não demonstra qualquer tipo de respeito pelos não fumadores, e olhem que são muitos, cerca de 27% dos Portugueses fuma...é uma percentagem muito significativa. Esses 27% fumam em média 18 cigarros por dia.
Pode não haver dinheiro para férias, ou para roupa, até para comer, mas para comprar 1 maço de tabaco por dia, que custa 700 paus, há sempre dinheiro. São cerca de 20 contos por mês...100 euros, a média mensal gasta por cada fumador em tabaco!!!
Deixei de frequentar discotecas e é rara a vez que vou a bares, nos restaurantes peço mesa para não fumadores. Descobri que assim poupo dinheiro na lavandaria, não preciso de mandar lavar o casaco sempre que saio à noite.
É realmente algo que me incomoda, no dia seguinte, a roupa a tresandar a tabaco receso.
A boa notícia é que nos últimos 3 anos o número de fumadores diminuiu, há mais pessoas a nunca terem experimentado e mais gente a deixar o tabaco. Foi esta a evolução ocorrida na generalidade dos países da União Europeia, incluindo Portugal. Os dados foram divulgados ontem e resultam de um inquérito realizado em 2005 no espaço comunitário.
A percentagem de fumadores na Europa caiu de forma significativa: passou de 33 por cento para 26 por cento o que não deixa de ser um indicador positivo. Em Portugal passou de 29% para 27%.
A sensibilização parece estar a dar alguns frutos, nomeadamente pela informação disponibilizada nos maços de tabaco, pela inflação de preços que estes têm conhecido e obviamente pela proibição de fumar em cada vez mais espaços.
Esta última é provavelmente a medida mais fundamental de todas. É um atentado os cafés, restaurantes, bares e discotecas continuarem a permitir o consumo de tabaco. Pelo menos que se criassem espaços para fumadores e outros exclusivos para não fumadores, e não digo zonas, digo espaços, porque o fumo não respeita letreiros. Se os que fumam não se querem preservar, há que introduzir legislação para proteger aqueles que escolheram não fumar, já que esse é um direito fundamental.