terça-feira, 24 de abril de 2007

S(e)r. Engenheiro ou não? Eis a questão...

Depois de longas semanas de discussão e de festival mediático continuo com dúvidas. O senhor primeiro-ministro é ou não é engenheiro?
Na faculdade e noutros cursos sempre me ensinaram que a melhor forma de gerir situações de crise era enfrentá-las, prestar declarações. Mas Sócrates remeteu-se ao silêncio durante dias e dias. Mas até posso entender, não "podia" dizer nada antes de ser conhecido o futuro da Independente. Depois disso (e de tentar pensar bem nos argumentos) decidiu prestar esclarecimentos numa entrevista à RTP. Quanto a mim, não gostei de ver. Parecia um criminoso a tentar defender-se. Ver um primeiro-ministro naquela posição foi no mínimo estranho. (já agora um aparte, na minha modesta opinião, durante a entrevista, Flor Pedroso deixou muito a desejar)
No final parecia provável que Sócrates fosse mesmo engenheiro, com direito a MBA e tudo.
Mas e entretanto? Dias depois a Universidade Independente dá uma conferência de imprensa, primeiro para dizer umas coisas, depois para afirmar outras, ou melhor, tentar afirmar. Sim, porque foi pior a emenda que o soneto e, sem dúvida, as declarações daquele senhor foram desastrosas.
No final, ter uma opinião vincada não é fácil.
Por um lado acho que não é uma licenciatura que faz um bom primeiro-ministro, por outro acho que está em causa mais do que isso. E se um canudo não faz um bom primeiro-ministro, a humildade e a honestidade ajudam muito.
Mas a falta de uma licenciatura (como diz o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa) «não lhe tira voto, simpatia ou legitimidade política», poderá "apenas" levar os portugueses a duvidar de cada vez que ele fale de "rigor". E duvidaremos, certamente!
Qualquer primeiro-ministro devia estar acima de qualquer suspeita mas infelizmente isso nunca acontece e isto só vem provar que sejam Sócrates, Santanas, ou até Lulas, é tudo igual, e cada um tenta sempre aproveitar-se da situação política que tem.
Quanto à comunicação social acho que se exagerou na exploração do assunto e na paródia que se fez, como se o diploma lhe tivesse saído como brinde, numa qualquer marca de Farinha.
Não lhe dou razão, não, e acho que tem muito para se envergonhar, mas também acho que se fez um festival à volta do assunto.
Existem sim muito factos por explicar, muitas coisas que não "jogam", muitas datas discordantes, muita falta de rigor mas, quer se queira quer não, quantos não terão sido já beneficiados? Políticos, filhos de gente importante, seja o que for... Quantos! É triste mas é verdade, e não é de hoje!

E esta é apenas mais uma história da política que temos...

2 comentários:

Anónimo disse...

É.
Eu só quero é que a pessoa que "comanda" o meu país seja honesto. Qualidade que parece faltar a este senhor. Porque é que ficaram tantas duvidas no ar? Porque é que deixou passar tanto tempo, para se explicar mal?
Quem não deve não teme e não foi o caso. Se a mim me pedissem as minhas habilitações académicas no dia seguinte estava a mostrá-las, só se as instituições que frequentei é que atrasassem a impressão dos documentos é que poderia demorar mais.
Concluindo, uma palhaçada.

Cris disse...

Eu concordo com a PC quando ela diz que é difícil ter uma posição sólida quanto a este assunto. Comecei por achar que tudo isto estava a ser extrapolado e que era perseguição política ao Sócrates. Mas não podia deixar de concordar que haviam muitas notas discordantes no meio disto tudo. Esperei para ver a entrevista onde ele se iria explicar. Achei que Sócrates ia ter uma tarefa difícil mas, no final, acabou por não ser tão difícil assim. Se calhar esperava mais dos jornalistas que fizeram a entrevista... E também concordo que Flor Pedroso teve uma abordagem menos feliz.

O que me fez repensar a situação foi um artigo que li no Público e onde eram levantadas ainda mais contradições. Aí já poucas coisas me faziam acreditar no Sócrates.

E até podia referir aqui umas quantas questões mas no fundo não iria fazer diferença. Já tanto se disse sobre este assunto que acho cada vez parece menos esclarecido. E, no fundo, o que acho é que favorecimentos há muitos, em todo o lado e cada vez mais. É o chico-espertismo do português que nunca falha... Mesmo quando se é "apanhado". Enfim, em jeito de conclusão, com ou sem a licenciatura tirada na maior das clarezas, o que quero é que o Sócrates se preocupe em governar o país e fazer as coisas bem feitas. Até porque o que há mais aí é políticos a optar pela via mais fácil para atingir os fins... Isso não desculpa o que o Sócrates fez, simplesmente só o iguala aos outros. Mas havia dúvidas?