sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Publicidade enganosa

Realmente não falta publicidade enganosa no mundo das ofertas de emprego. Experiência vivida em primeira mão por DS e EA, na sua ingressão pelas ruelas "gunosas" que se escondem por trás da antiga Cadeia da Relação.

Aguardava eu, pacientemente, a minha amiga EA, quando recebo um telefonema da própria a comunicar o seu atraso e a encarregar-me da missão de descobrir onde ficava o Instituto Português de Fotografia (IPF), local onde tínhamos uma entrevista às 14h30. Lá fui eu pedir indicações a uns homenzinhos que sabiam ainda menos que eu, mas que me indicaram umas ruelas esquisitas, ladeadas por uma um pelotão de homens de brinco na orelha e boné na cabeça.

Lá fui eu receosa, a imaginar a forma como me iriam retirar do mercado da concorrência laboral, e após mais indicações e outras confusões, cheguei ao aclamado IPF, que nem nome tinha na porta. O que pode enganar, porque por dentro é um sr. sítio. :P

Entretanto informo a EA do local e aguardo que a sua chegada, que ocorre precisamente no virar das 14h29 para as 14h30! Assinamos os nossos nomes na folha de chegada (que por incrível que pareça tinha apenas uma dezena de pessoas) e dirigimo-nos com a pequena multidão para o andar de baixo, onde nos explicam em que consiste a oferta.

Duas ofertas em cima da mesa: uma para um estágio de seis meses não remunerado, sem horário fixo, mas que implicava deslocações para o estrangeiro, custeadas pelo IPF, claro está. Poderão vocês pensar "que duas cromas, recusaram a oportunidade de viajar à pala" para sítios como Marrocos e outros locais cujos nomes de tão esquisitos não me ficaram na memória.

A questão é que este denominado estágio (vulgo, escravatura de meio ano) consistia basicamente na organização de expedições fotográficas (marcação de hotéis, espaços, e etc), mas sobretudo na angariação de patrocínios (aí vem a parte boa, recebiamos uma percentagem, não sei de quanto).

O projecto, "Foto Adrenalina", é excelente, e eu até achei super interessante esta oportunidade. O único senão, que para mim é muito importante, é que durante meio ano ficava impedida de aceitar qualquer emprego (porque poderíamos ter que nos deslocar para fora por períodos de cinco dias ou mais, de cada vez), e teria que vir viver para o Porto gastar e gastar, sem receber. E findos os seis meses "gostámos muito de si, mas bye bye, volte para a próxima"!

A segunda oferta é para a Secretaria do IPF, para cuidar de todos os pormenores administrativos próprios da gestão escolar, e sobretudo da venda dos cursos. Quando ouvi esta palavra desinteressei-me logo, já me bastam os colchões. Mas o pior era mesmo ser naquela ruela, à qual só chega com total integridade física de carro, com horário nocturno e possibilidade de sábados de manhã.

Posto isto, regresso às longas fileiras do desemprego, aguardando que a sorte, um dia, me calhe a mim também. Até lá, vou alimentando a frustração de que nem sempre é suficiente sermos bons no que fazemos, porque mesmo aí, nem sempre nos dão oportunidades. E isso também é publicidade enganosa!

2 comentários:

EA disse...

tenho a dizer que a ideia deste blog esta-se a revelar uma boa surpresa..;) so bons posts!
pois é..esta tudo dito..cabe-me assinar por baixo, não na folha de chegada, mas de espera...

Daniela Rodrigues disse...

Depois das outras, chegou a vez da DS nos brindar com um texto muito bom.
Infelizmente o resultado da entrevista não foi tão bom como o conteúdo do texto que produziste.

Pergunto-me se as pessoas que põem certos anúncios no jornal, que parecem uma coisa e vai-se a ver sai banhada, têm algum problema em lidar com a honestidade.

Sabem o que é alimentar esperanças em relação a uma coisa e depois sair completamente defraudada?

Sabem o que é ter de lidar com a frustração de acabar um curso e não arranjar um emprego na nossa área?

Já não basta isso e ainda temos de mamar com anúncios para um emprego, ficamos entusiasmadas, concorremos...e chegamos lá e é para ir vender colchões ou livros, ou fotografias em cascos de rolha???

Custa muito ser honesto?
Poupem-se ao trabalho e poupem-nos a nós a desilusão e o tempo perdido...